2 de janeiro de 2014

Contando uma história...

Fui um bebê obeso, uma criança obesa e uma adolescente obesa... Com 6 anos de idade já pesava mais de 60kg!!! Ah, família toda obesa.
Fui vítima de bulling a vida toda. Para piorar, essa gordura toda causou alterações hormonais que me encheram o rosto de pelos... mas alguma dúvida sobre bulling???
Crescer obesa, além das sequelas emocionais, me deixou sequelas no esqueleto: costelas abertas (exemplo dessa lesão), lesões de tornozelos e joelhos (tortos em X até hoje) e, agravado pela timidez que me fazia andar encolhida como um caracol, minha coluna vertebral tornou-se cifótica (corcunda) e sofri degeneração discal pela péssima postura somada ao excesso de peso. Aos 18 anos de idade, com dores severas e dificuldades de locomoção, um "médico" me disse que eu deveria me preparar, pois antes dos 40 estaria numa cadeira de rodas, uma vez que minha coluna não tinha tratamento e não aguentaria muito tempo...


Eu tinha 18 anos... 

pesava 115kg... 
usava calças masculinas manequim 52... 
tinha pelos no rosto...
e o "médico" me dizendo que eu acabaria numa cadeira de rodas!!!


Perfeito! Eu era pobre, não tinha dinheiro para médicos diferenciados, nem para nutricionistas. Mas eu tinha VONTADE de reverter essa situação. VONTADE! Isso basta.

Passei a passar os dias na Biblioteca Municipal de Santo André (cidade onde eu morava), li tudo que eu consegui sobre nutrição e apliquei o que entendi e o que consegui. Iniciei uma reeducação alimentar e tive severas dificuldades pois dependia do meu pai para comprar as comidas e da minha mãe para cozinhar e não pude contar com o apoio deles... 
Meu pai queria que eu fosse rica! "Já que eu era feia" não tinha outra alternativa na vida a não ser fazer faculdade de Direito, prestar concursos e ser juíza. Nunca me deu muita atenção, a vida inteira usei roupas reformadas de tias, dos avós e dos meus pais. Roupa nova só para minha irmã, que era bonita... é, isso mesmo. Ele não queria que eu fizesse dieta porque ele dizia que se eu emagrecesse iria ficar burra... e eu dependia da minha inteligência para poder passar em concurso. E minha mãe sempre foi muito omissa. Não tenho nenhum contato com meus pais, apesar de morar a poucas quadras da casa deles, não falo com eles há anos. Quando tento qualquer tipo de contato, logo me arrependo...
Minha história de vida rende um livro. Passei por muitas coisas que a maioria das pessoas apenas vê na TV, nos noticiários...
Bem... voltando:
Eu já cursava a faculdade de Direito. Me empenhei e passei no concurso para Oficial de Justiça (1º lugar!). Com meu 1º salário me matriculei na Academia Gerson Dória, em Santo André e Cláudia Nagata foi minha primeira orientadora.
Disciplina, determinação e paciência. Muitos estudos sobre nutrição, muitos km de bike, muitos km de corrida, toneladas de musculação, muitos erros e acertos. Cheguei aos 30 anos usando manequim 38, sem nunca ter usado anfetaminas, sem loucuras!!! Sarada, com 68kg e uma bela barriga negativa!!!
Mantive assim por vários anos, brinquei com os resultados da musculação (mais músculos, mais curvas, tanquinho, barriga lisa...)
Mas, passei por sérios e graves problemas pessoais (um dia eu conto). 
Tive crises e crises de estresse pós traumático (como foram quase 2 anos de "eventos", foram crises pós, pré e durante traumáticas...), fui diagnosticada erroneamente com Síndrome do Pânico (não era síndrome, pois o pânico era bem real). Tive surtos... Tive uma grave depressão, mas a tristeza tinha endereço, tinha nome. Tomei remédios "tarja preta". Fiquei marcada em todos lugares que frequentava (quando se é adulto, também é bulling o nome?).
Na infância e adolescência, eu tinha picos de compulsão alimentar, desencadeados pelo estresse de uma família totalmente desequilibrada e desestruturada.
Esses ataques voltaram! Houve dias em que cheguei a comer, sozinha, duas pizzas, um pão de forma inteiro com manteiga, duas caixas de Bis, macarrão (não lembro quanto) e, finalmente, ração de cachorro (é exatamente isso que você leu!).
Passei de 68kg a 85kg em menos de 1 ano! Isso foi entre 2010 e 2011. Esses quilos, todos os dias jogaram na minha cara, no espelho, que "eu não dei conta"... Esses quilos são o registro sinistro dos horrores que vivi.
Nunca deixei de treinar. Aliás, a academia, a minha "força física" sempre foi o que manteve minha sanidade e meu foco voltado para uma superação. Minha força física eu transportava para as emoções. Treino musculação por AMOR!!! Nado e corro por AMOR!!! Mas a compulsão alimentar que a depressão trouxe de volta da minha infância, cobriu meu amor com uma grossa camada de banha.
O ano de 2012 foi um ano muito feliz. Mudei para a cidade onde sempre quis morar. Conheci a pessoa dos meus sonhos (bem mais!) e casamos. 
Massss, crises de compulsão em série; um desânimo e um cansaço que eu não conseguia vencer e a força muscular desaparecendo!
Aos quase 40 anos de idade, comecei a ouvir sentenças definitivas de médicos desinteressados: a "senhora" está na pré-menopausa, mas, do jeito como me diziam isso, eu ouvia "pré-fim-do-mundo" "pré-morte": senhora, isso é irreversível e progressivo. Sério, me senti como um prédio em ruínas.
Masss, eu já havia ouvido uma "sentença definitiva" aos 18 anos e, devido à minha VONTADE, eu não estava numa cadeira de rodas!!!
Repetiria um milhão de vezes os exames, até ouvir o que eu queria ouvir, até receber uma orientação, por mínima que fosse, por mais difícil que fosse, de como reverter as perdas.

Na série "males que vêm para o bem", eu fui sequestrada e assaltada por 5 bandidos armados que limparam minha casa. Fiquei 40 minutos com uma arma encostada na minha cabeça, ouvindo gritos e ameaças, pois não tenho nada de valor em casa e não tinha nem um real na carteira... Os bandidos foram presos e os valores indenizados pela seguradora, masss (adoro esse masss) as crises de pânico voltaram.

Aí é que mora o bem! Passei por uma psiquiatra, que conversou comigo por horas. Ela me revelou que o diagnóstico anterior de Síndrome do Pânico estava errado. Mas não foi só, ela me disse que as compulsões são originadas numa deficiência de serotonina ou dopamina, que pode ser genética ou causada por alimentos tóxicos para o corpo (açúcar e gordura!) e por traumas emocionais consecutivos. Solicitou vários exames, inclusive um neurológico. Retornei com todos aqueles que eu havia realizado no último ano: constatou alteração e dopamina e alteração no funcionamento da tireóide (como os médicos anteriores não viram isso???).
Descobri que compulsão por comida não é maluquice, nem gula, nem nada das muitas coisas que ouvi durante vários anos, de médicos e de psicólogos. Aliás, alguém acha que comer ração de cachorro, às 3h de uma madrugada bem fria é gula??? 
Descobri o tratamento num medicamento chamado Wellbutrim e o livro Dieta das Emoções (Dr. Mike Dow/ Ed.Lua de Papel).

Neste Blog, vou falar da minha história em detalhes, vou falar do livro e de várias situações que vivo no dia a dia e que me ensinam muito. Vou falar, também, do meu programa de recuperação da barriga tanquinho que conquistei com sacrifício.

Na próxima postagem, vou começar relatando em números minha situação atual, o antes (2010) e expondo as minhas metas. O antes, vou publicar anotações de um diário que fiz, orientada pela minha psicóloga. São anotações muito reveladoras, que hoje me ensinam muito sobre mim... Um momento difícil que vivi, de onde retiro muitas lições.
Gostaria que várias pessoas me acompanhassem e me apoiassem nos meus CAMINHOS.


Beijos no Coração




P.S.: não tenho nenhuma foto antiga... primeiro porque não falo com minha família, então não tenho acesso às fotos de infância, segundo, o computador onde eu guardava minhas fotos foi roubado... vou verificar com meus amigos quem pode ter fotos minhas para eu postar e ter para mim.









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